Em um país onde a tuberculose e o HIV continuam sendo desafios importantes para a saúde pública, um estudo recente voltou seu olhar não para os pacientes, mas para algo igualmente vital: a qualidade dos dados que guiam nossas políticas de saúde.
Pesquisadores do Espírito Santo realizaram uma análise meticulosa do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), revelando descobertas que todo profissional de saúde, gestor público e estudante da área deveria conhecer.
À primeira vista, os números parecem encorajadores: 89% das variáveis obrigatórias e 91% das essenciais são completitude garantida. Mas quando olhamos especificamente para a coinfecção TB-HIV, a história muda.
Apenas 73% das variáveis foram encontradas nos casos de coinfecção. Mais preocupante ainda: informações cruciais sobre o acompanhamento do tratamento da tuberculose foram totalmente insatisfatórias.
Imagine um médico tentando tomar decisões críticas sobre o tratamento de um paciente com páginas faltando em seu prontuário. É esse o cenário que enfrentamos em muitos casos de TB-HIV no sistema de saúde brasileiro.
Dados incompletos não são apenas números ausentes em uma planilha. São histórias interrompidas de pacientes reais, oportunidades perdidas de intervenção precoce e recursos públicos que podem ser mal direcionados.
O estudo aplicou uma metodologia rigorosa baseada nas diretrizes do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), incluindo cinco etapas metodológicas que vão desde a análise da qualidade até a vinculação com o banco de dados do SINAN-HIV.
Em um momento em que dados confiáveis nunca foram tão importantes para a saúde pública, este estudo nos lembra que a qualidade da informação pode ser tão crucial quanto à qualidade do tratamento.
Para mais informações leia: https://doi.org/10.17058/reci.v13i2.18102