Enquanto avançamos em tantas áreas da medicina moderna, uma tecnologia antiga continua desafiando nossos sistemas de saúde: a sífilis. Um estudo recente realizado em um município de médio porte de São Paulo revela dados preocupantes e, ao mesmo tempo, oferece insights importantes sobre como podemos proteger melhor os recém-nascidos desta infecção transmitida durante a gestação.
A sífilis é paradoxal no cenário da saúde pública. Por um lado, possui tratamento simples, barato e acessível. Por outro lado, continua sendo um problema significativo, especialmente quando falamos da transmissão vertical - da mãe para o bebê durante a gravidez.
Os pesquisadores analisaram fichas de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação para identificar padrões e fatores de risco associados à transmissão da sífilis para os bebês. O perfil predominante das gestantes estudadas era de mulheres entre 20-34 anos (62,2%), brancas (63,2%), com ensino fundamental incompleto (35,4%).
Quando a sífilis ocorre apenas no terceiro trimestre da gestação, o risco de transmissão vertical dispara - sendo 16,48 vezes maior em comparação ao diagnóstico precoce. Isso não é apenas um número estatístico, representa bebês que nasceram saudáveis.
Outro fator crucial identificado foi a não realização de teste treponêmico durante o pré-natal e a classificação clínica terciária/latente da doença, que aumentou o risco em 7,62 vezes.
Estes números nos contam uma história de oportunidades perdidas. A sífilis congênita é evitável com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Cada caso representa falhas no sistema de acompanhamento pré-natal que puderam ser corrigidas com medidas relativamente simples.
O estudo destaca a urgência de melhorar a qualidade do atendimento pré-natal, especialmente considerando que o tratamento da sífilis é de fácil acesso e baixo custo. A chave está na detecção precoce - idealmente no primeiro trimestre da gestação.
Para mais informações acesse: https://doi.org/10.17058/reci.v13i2.18097
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