Durante os momentos mais tensos da pandemia, quando cada gesto podia significar a diferença entre vida e morte, uma pergunta crucial ecoava pelos corredores dos hospitais: nossos profissionais de enfermagem realmente dominavam as técnicas básicas de prevenção? A resposta, revelada por uma pesquisa nacional com 493 profissionais de enfermagem, pode surpreender você.
Entre novembro de 2020 e dezembro de 2021, no auge da crise sanitária, pesquisadores percorreram as cinco regiões do Brasil para investigar algo aparentemente simples, mas fundamentalmente crítico: a autoeficácia dos profissionais de enfermagem na higienização das mãos e uso de luvas. O que eles descobriram desafia algumas percepções sobre preparação profissional durante emergências sanitárias.
A pesquisa revelou que a maioria dos profissionais - incluindo auxiliares, técnicos e enfermeiros - demonstrou alto nível de autoeficácia nessas práticas essenciais. Mas o que realmente significa "autoeficácia" neste contexto? Trata-se da confiança que o profissional tem em sua própria capacidade de executar corretamente procedimentos que, embora básicos, são fundamentais para quebrar cadeias de transmissão.
O estudo analisou profissionais de todos os perfis: 72,5% eram enfermeiros, 75,8% mulheres, com idades variando significativamente - 21,3% tinham entre 18 e 24 anos, e metade possuía pós-graduação. Essa diversidade oferece um panorama representativo da enfermagem brasileira durante um dos períodos mais desafiadores da profissão.
Mas aqui está o dado mais intrigante: não foram encontradas diferenças significativas nos escores de autoeficácia entre as regiões do Brasil. Isso significa que um enfermeiro do Norte tinha, teoricamente, o mesmo nível de confiança em suas técnicas de higienização que um colega do Sul. Também não houve associação entre características sociodemográficas e autoeficácia. Idade, gênero, formação - nada disso influenciou significativamente a percepção dos profissionais sobre suas próprias habilidades.
Essa uniformidade nacional levanta questões fascinantes: ela reflete uma formação consistente em todo o país ou revela algo sobre a percepção versus a realidade das práticas? Como sabemos, há uma diferença crucial entre sentir-se competente e realmente ser competente. E durante uma pandemia, essa diferença pode ter consequências devastadoras.
O estudo oferece insights valiosos para gestores de saúde sobre lacunas potenciais no conhecimento e habilidades em controle de infecções, informações cruciais para desenvolver estratégias de capacitação mais efetivas. Os resultados também levantam questões sobre como medir e melhorar a competência real, não apenas a percebida, em procedimentos que salvam vidas.
Para mais informações acesse: https://doi.org/10.17058/reci.v15i1.19372.
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