terça-feira, 16 de setembro de 2025

Técnicos de enfermagem lavam mais as mãos que médicos: estudo revela quem realmente seguiu protocolos na pandemia.

     Quem você imaginaria que seria mais rigoroso com higienização das mãos e uso correto de máscaras durante a pandemia: médicos, enfermeiros ou técnicos de enfermagem? A resposta pode chocar muita gente. Uma pesquisa realizada com 87 profissionais da Atenção Primária à Saúde no Brasil revelou que os técnicos de enfermagem superaram tanto enfermeiros quanto médicos na adesão a essas práticas básicas de prevenção.

    O estudo, conduzido entre agosto de 2020 e março de 2021 - período crítico da pandemia - utilizou o instrumento validado "E.P.I.-APS Covid-19" para analisar o comportamento real dos profissionais que estavam na linha de frente do SUS. Com uma amostra perfeitamente equilibrada de 29 profissionais de cada categoria, os pesquisadores conseguiram fazer comparações precisas entre as diferentes formações.

    O resultado mais surpreendente foi a constatação de que a frequência de higienização correta das mãos e uso adequado de máscara foi baixa em todas as categorias profissionais. Isso mesmo: durante uma pandemia respiratória, os profissionais que deveriam dar o exemplo não estavam seguindo adequadamente os protocolos básicos de prevenção. Mas entre eles, quem se saiu melhor foram justamente os técnicos de enfermagem.

    Como é possível que profissionais com menor tempo de formação acadêmica tenham demonstrado melhor adesão às práticas preventivas? Seria uma questão de proximidade maior com os pacientes? Diferenças na rotina de trabalho? Ou talvez um reflexo de como diferentes culturas profissionais encaram a prevenção?

    A pesquisa também revelou padrões interessantes de concordância entre as categorias. Houve concordância apenas "regular" entre enfermeiros e médicos sobre higienização das mãos, mas concordância "substancial" entre enfermeiros e técnicos, e entre enfermeiros e médicos no uso de máscaras. Os números sugerem que, mesmo trabalhando lado a lado, esses profissionais tinham percepções e práticas diferentes sobre medidas preventivas básicas.

    O estudo utilizou o teste kappa para avaliar concordância - uma ferramenta estatística robusta que vai além de simples percentuais para revelar o real nível de acordo entre grupos. Os resultados apontam para algo preocupante: se nem mesmo durante uma pandemia global os profissionais de saúde conseguiram manter adesão consistente a práticas básicas de prevenção, que lições isso nos ensina sobre preparação para futuras emergências sanitárias?

   Mais inquietante ainda é pensar nas implicações para os pacientes. A Atenção Primária é a porta de entrada do SUS, onde milhões de brasileiros buscam cuidados diariamente. Se os profissionais não estavam adequadamente protegidos, quantas cadeias de transmissão poderiam ter sido evitadas? Os achados revelam uma necessidade urgente de repensar estratégias de educação continuada e implementação de protocolos de segurança que realmente funcionem na prática.

    Para mais informações acesse: https://doi.org/10.17058/reci.v15i1.19366.




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