A pandemia de COVID-19 trouxe desafios sem precedentes para as Unidades de Terapia Intensiva, especialmente no que diz respeito à ventilação mecânica e suas complicações. Entre essas complicações, a Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) emergiu como uma das principais preocupações, representando uma ameaça adicional à vida de pacientes já gravemente comprometidos.
Um estudo recente conduzido em um hospital universitário brasileiro durante o período mais crítico da pandemia (dezembro de 2020 a julho de 2021) investigou uma questão fundamental: será que os profissionais de saúde realmente conhecem e aplicam as medidas preventivas da PAV quando mais precisam delas?
Os resultados são reveladores e, em alguns aspectos, preocupantes. Ao analisar o conhecimento de 61 profissionais da UTI sobre o "bundle" de prevenção da PAV - um conjunto de práticas baseadas em evidências que devem ser aplicadas em conjunto -, os pesquisadores descobriram diferenças significativas entre as categorias profissionais.
Enquanto os fisioterapeutas demonstraram maior domínio das medidas preventivas, os profissionais de enfermagem - que representavam 85% da amostra - apresentaram lacunas importantes no conhecimento sobre os elementos que compõem esse protocolo essencial. Considerando que a equipe de enfermagem está na linha de frente do cuidado direto ao paciente ventilado mecanicamente, essa descoberta ganha ainda mais relevância.
O estudo também identificou que a falta de treinamento foi a principal dificuldade relatada pelos profissionais, e que a idade influencia o nível de conhecimento sobre as práticas preventivas. Curiosamente, apesar das deficiências identificadas, os profissionais demonstraram uma disposição genuína para receber capacitação e melhorar suas práticas.
Esses achados levantam questões importantes sobre a educação continuada em saúde, especialmente em momentos de crise sanitária. Como garantir que todos os profissionais estejam adequadamente preparados para prevenir complicações que podem ser fatais? Qual é o papel das instituições na promoção do conhecimento baseado em evidências?
As implicações deste estudo vão além dos números apresentados. Elas tocam no cerne da qualidade assistencial e da segurança do paciente, temas que se tornaram ainda mais urgentes durante a pandemia. A PAV não é apenas uma estatística - é uma condição que pode determinar a diferença entre a vida e a morte de pacientes críticos.
Se você trabalha na área da saúde, é gestor hospitalar, ou simplesmente tem interesse em compreender melhor os desafios enfrentados pelas UTIs durante a pandemia, este estudo oferece insights valiosos sobre uma realidade que merece nossa atenção e ação.
Para mais informações acesse: https://doi.org/10.17058/reci.v14i4.19180.
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