quarta-feira, 30 de julho de 2025

A Dor Silenciosa dos Cuidadores: Mais da Metade dos Profissionais da Saúde Sofre com Problemas nas Costas

    Quem cuida da nossa saúde está adoecendo em silêncio. Um estudo revelador com 429 profissionais da Atenção Primária à Saúde trouxe à tona uma realidade preocupante: mais da metade desses trabalhadores (56,2%) sofre com dores lombares, e quase metade (48,4%) tem problemas no pescoço e cervical.

    Imagine trabalhar todos os dias cuidando de outras pessoas enquanto você mesmo convive com dor constante. É exatamente isso que acontece com milhares de profissionais que atuam nos postos de saúde, clínicas da família e unidades básicas de saúde espalhados pelo Brasil.

    O que mais impressiona no estudo é que quase metade dos profissionais (48,7%) precisou evitar atividades do dia a dia - seja no trabalho, em casa ou no lazer - por causa dessas dores. Estamos falando de pessoas que dedicam suas vidas a cuidar da saúde dos outros, mas que estão literalmente "quebrando" no processo.

    As regiões mais afetadas formam um mapa da dor que conta a história de uma profissão fisicamente exigente: costas (56,2%), pescoço (48,4%), ombros (44,7%), região dorsal (35,3%) e até mesmo pés e tornozelos (31,7%). É como se o corpo todo pagasse o preço do cuidado com o próximo.

    O que torna essa pesquisa ainda mais relevante é que ela não faz distinção entre cidades grandes e pequenas. Independentemente do tamanho do município, os profissionais da saúde estão enfrentando os mesmos desafios físicos. Isso significa que o problema é estrutural, não circunstancial.

    Por trás de cada estatística há uma história humana: a enfermeira que chega em casa com as costas doendo depois de um plantão, o médico que precisa esticar o pescoço entre uma consulta e outra, o técnico que sente os ombros tensionados após carregar equipamentos o dia inteiro.

    Este estudo, conduzido pelo pesquisador Luciano Garcia Lourenção, não apenas expõe um problema - ele oferece um caminho para a solução. Ao mapear exatamente onde e como a dor atinge esses profissionais, a pesquisa fornece dados concretos para que gestores de saúde possam implementar ações preventivas efetivas.

    A pergunta que fica é: se não cuidarmos de quem cuida de nós, quem restará para cuidar da nossa saúde? Os números desta pesquisa são um alerta urgente para repensarmos as condições de trabalho na saúde pública. Afinal, profissionais saudáveis oferecem cuidados melhores, e isso beneficia toda a sociedade.

    Vale a pena conferir o estudo completo para entender melhor essa realidade que afeta diretamente a qualidade dos cuidados que recebemos nos serviços de saúde. 


    Para mais informações, acesse o site: https://doi.org/10.17058/reci.v14i2.19039





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