sexta-feira, 5 de setembro de 2025

A Batalha Silenciosa: Como Pacientes Queimados Enfrentam uma Guerra Dupla na UTI.

     Quando um paciente com queimaduras graves chega à UTI, a luta pela vida apenas começou. Além de lidar com as lesões visíveis, esses pacientes enfrentam um inimigo invisível que pode ser ainda mais mortal: as infecções bacterianas e fúngicas que atacam seus corpos vulnerabilizados.

    Um estudo brasileiro revelou dados impressionantes sobre essa realidade: entre 64 pacientes queimados internados em uma UTI de referência em trauma, 73,4% desenvolveram infecções bacterianas. Para colocar isso em perspectiva, de cada 4 pacientes queimados graves, 3 terão que enfrentar não apenas a recuperação das lesões por queimadura, mas também o combate a infecções potencialmente fatais.

    Os números se tornam ainda mais alarmantes quando consideramos que 25% desses pacientes não sobreviveram. A pesquisa identificou 263 microrganismos diferentes nos pacientes estudados, com predominância de bactérias Gram-negativas, conhecidas por sua resistência a múltiplos antibióticos e capacidade de causar infecções severas.

    O arsenal terapêutico empregado nessa batalha é impressionante: 15 diferentes tipos de antimicrobianos foram utilizados, totalizando mais de 13 mil unidades dispensadas. Entre os "soldados" mais requisitados estão o meropenem e a vancomicina - antibióticos de última linha que são reservados para as infecções mais graves e resistentes.

    O que torna este estudo particularmente relevante é sua abordagem metodológica rigorosa, utilizando a classificação ATC (Anatomical Therapeutic Chemical) e medindo o consumo em Doses Diárias Definidas por mil pacientes-dia, fornecendo dados precisos sobre padrões de uso de antimicrobianos em uma população extremamente vulnerável.

    Para profissionais que trabalham em UTIs, infectologistas, farmacêuticos hospitalares e todos os envolvidos no cuidado de pacientes críticos, esta pesquisa oferece insights fundamentais sobre o perfil microbiológico e as estratégias terapêuticas em pacientes queimados. Os dados revelam não apenas a magnitude do desafio, mas também orientam decisões clínicas que podem fazer a diferença entre a vida e a morte.

    Compreender esses padrões de infecção e uso de antimicrobianos é essencial para desenvolver protocolos mais eficazes, otimizar recursos e, principalmente, melhorar as chances de sobrevivência desses pacientes que já enfrentam uma das situações mais críticas da medicina intensiva.

    Para mais informações acesse: https://doi.org/10.17058/reci.v15i1.19488.




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