No lugar mais crítico de qualquer hospital - onde instrumentos cirúrgicos são limpos e esterilizados antes de entrar no seu corpo - uma descoberta alarmante acaba de vir à tona. O que pesquisadores observaram durante quatro meses pode abalar sua confiança na segurança hospitalar para sempre.
Imagine entrar em uma cirurgia confiando que todos os instrumentos foram manuseados com o máximo de cuidado e higiene. Agora imagine descobrir que, das 364 vezes que profissionais de saúde deveriam ter higienizado as mãos no centro de materiais e esterilização, apenas 25% realmente o fizeram. Mais chocante ainda: apenas 1,9% - menos de 2 em cada 100 profissionais - executaram a técnica correta recomendada pela Organização Mundial da Saúde.
Este não é um problema teórico ou distante. É uma realidade documentada cientificamente que acontece bem debaixo do nosso nariz, no coração dos hospitais onde confiamos nossas vidas. Estamos falando do centro de materiais e esterilização - o local onde instrumentos que entrarão em contato direto com pacientes são processados diariamente.
A pesquisa revela padrões comportamentais que desafiam a lógica da segurança: a maior adesão à higienização acontece quando os profissionais chegam ao trabalho (35,1%), mas despenca drasticamente durante as atividades críticas do dia. É como se a preocupação com a higiene fosse maior no início do plantão e progressivamente abandonada quando mais necessária.
Existe uma ironia perturbadora nos dados: embora 51,6% dos profissionais utilizem sabonete líquido quando decidem higienizar as mãos, a esmagadora maioria simplesmente ignora esta prática fundamental. É como ter o equipamento de segurança disponível mas escolher não usá-lo na maioria das vezes.
Mais intrigante ainda é a descoberta de que homens demonstram maior adesão à higienização das mãos comparado às mulheres - um dado que contraria estereótipos sociais e levanta questões sobre treinamento e cultura organizacional diferenciados por gênero.
O que torna esses números ainda mais preocupantes é o contexto: estamos falando de profissionais que trabalham diretamente com "diversos processos que podem ser fontes de transmissão de microrganismos". Cada mão não higienizada adequadamente pode ser um vetor de contaminação que afeta não apenas um paciente, mas potencialmente dezenas deles.
A metodologia do estudo - observação direta durante visitas semanais por quatro meses - garante que estes não são números inflados ou baseados em autorrelatos. São dados coletados da realidade crua do dia a dia hospitalar, quando profissionais não sabiam que estavam sendo observados.
Esta pesquisa expõe uma falha sistêmica que vai muito além da responsabilidade individual. Ela revela a necessidade urgente de repensar treinamentos, protocolos e cultura organizacional em um dos setores mais críticos da assistência à saúde.
Se você já se submeteu a algum procedimento médico, tem familiares hospitalizados, trabalha na área da saúde ou simplesmente se preocupa com a qualidade da assistência hospitalar no Brasil, os detalhes completos deste estudo contêm informações que podem influenciar suas decisões e expectativas sobre segurança hospitalar.
Para mais informações acesse: https://doi.org/10.17058/reci.v14i3.19357
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