Uma descoberta preocupante está emergindo dos corredores de um hospital brasileiro: todas as cepas de Enterococcus faecium resistentes à vancomicina encontradas carregam o temido gene vanA, e isso pode estar acontecendo em hospitais por todo o país sem que percebamos.
Durante nove meses de investigação científica meticulosa, pesquisadores analisaram mais de 8.000 culturas bacterianas e fizeram uma descoberta que deveria acender um alerta vermelho no sistema de saúde brasileiro. Embora a ocorrência de Enterococcus tenha sido relativamente baixa (apenas 0,22% das culturas), o que realmente chamou atenção foi o perfil genético dessas bactérias: 100% dos isolados resistentes à vancomicina apresentaram o gene vanA, conhecido por conferir resistência a um dos antibióticos mais importantes da medicina moderna.
A vancomicina é frequentemente considerada um "antibiótico de último recurso" para infecções graves, especialmente aquelas causadas por bactérias resistentes a múltiplos medicamentos. Quando esse recurso falha, as opções de tratamento tornam-se drasticamente limitadas, colocando vidas em risco real.
O estudo revelou algo ainda mais inquietante: essas superbactérias não apenas resistem à vancomicina, mas também mostram resistência a vários outros antimicrobianos comumente utilizados nos hospitais. Isso significa que os médicos enfrentam um cenário onde suas principais armas contra infecções hospitalares podem estar perdendo eficácia.
Enterococcus faecium é um patógeno oportunista que prospera em ambientes hospitalares, aproveitando-se de pacientes com sistemas imunológicos comprometidos. Sua capacidade de desenvolver e manter resistência a antibióticos críticos representa uma ameaça crescente à segurança dos pacientes e à eficácia dos tratamentos médicos.
Os pesquisadores utilizaram técnicas de ponta, incluindo espectrometria de massa MALDI-TOF e análise molecular por PCR, para caracterizar precisamente essas cepas. Os resultados sugerem que a resistência à vancomicina mediada pelo gene vanA pode estar mais disseminada em hospitais brasileiros do que se imaginava anteriormente.
Esta pesquisa não apenas documenta a presença dessas superbactérias, mas também levanta questões cruciais sobre vigilância epidemiológica, controle de infecções hospitalares e a necessidade urgente de estratégias mais eficazes para combater a resistência antimicrobiana no Brasil.
Os achados deste estudo representam mais do que números estatísticos – eles revelam uma realidade que pode estar se repetindo silenciosamente em hospitais de todo o país, exigindo ação imediata tanto da comunidade científica quanto das autoridades de saúde pública.
Para mais informações acesse: https://doi.org/10.17058/reci.v14i2.18967
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